Questão energética promove debate sobre sustentabilidade
Conforme pesquisa, 90% dos consumidores preferem produtos mais econômicos, desde que preço e qualidade sejam equivalentes
O calor e a seca do início de 2014 pressionaram os sistemas de abastecimento de água e de energia elétrica, que passaram a sofrer ameaça, respectivamente, de racionamento nas torneiras e de reajuste da tarifa em até dois dígitos. Embora não seja novidade no país, a sustentabilidade do consumo passa a ocupar o centro das discussões a partir deste cenário.
Divulgada em março pelo Instituto Akatu, a pesquisa Rumo à Sociedade do Bem-Estar aponta que 90% dos consumidores fazem escolhas baseadas no compromisso das empresas em reduzir o consumo de energia, desde que exista oferta de dois produtos com preço e qualidade semelhantes. Na sequência, os atributos mais considerados são selos de proteção ambiental (89%), se não há animais maltratados na produção (87%), boas condições de trabalho (86%) e boa relação com a comunidade (85%).
Segundo o gerente de Metodologias e Conteúdos do Instituto, Dalberto Adulis, essa conscientização é crescente. No entanto, ele reforça que os entrevistados não foram questionados quanto a manter a escolha caso o produto sustentável apresente um preço mais elevado. “Mas sabemos que os alimentos orgânicos estão vendendo cada vez mais”, pondera.
Um dos exemplos neste sentido é a indústria têxtil, cuja preocupação com a economia de recursos é antiga e indica outra vertente da sustentabilidade: os avanços tecnológicos e a redução de custos. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), na última década, o setor diminuiu em 90% o consumo de água. Dos 100 litros que eram usados para produzir 1 quilo de tecido beneficiado, hoje são necessários apenas 10 litros.
O gerente da área internacional e de economia da Abit, Renato Jardim, afirma que a necessidade de ter uma produção sustentável resulta de novas regulamentações do governo, no consumidor e no próprio mercado. “As empresas têm de buscar a excelência todos os dias para ter competitividade, ainda mais a têxtil, cujo cenário é de forte concorrência e nem sempre leal”, destaca.
Neste contexto, a associação lançou o Selo Qual, certificação que atesta a produção ética, nos âmbitos social e ambiental. “Não só porque vai ser amigável ao meio ambiente, mas porque reduz custos”, lembra Jardim.
Ainda assim, o gerente do Akatu lembra que é importante pensar em mudanças na estrutura de formação de preços nos próximos anos, em consideração à economia de recursos naturais. “O gás carbônico emitido na produção de um bem não entra no preço, mas, se deixa o rio poluído e isso gera escassez no abastecimento de água, mesmo quem não consome aquele item acaba pagando por isso”, relaciona.
Desconfiança
A pesquisa da Akatu aponta que 92% dos consumidores deixam de comprar um produto quando uma empresa faz propaganda enganosa. A rejeição também existe quando há riscos à saúde (91%), indícios de algum tipo de preconceito por gênero, raça, religião ou preferência sexual de funcionários (88%) ou geração de danos ao ambiente movida por fornecedores (86%).
Outro dado que mostra o aumento da desconfiança do público em relação às marcas é que, em 2010, 44% não acreditavam nas informações divulgadas pelas empresas, número que chegou aos 49% em 2012.
Com informações da Folha de Londrina
Saiba mais sobre a consultoria da Master Ambiental, clique aqui.
Comentários