Óleo usado vira biodiesel

O interessante da legislação é que ela nos proíbe de continuar fazendo algo que polui

Fernando de Barros

Por dezenas de anos, as donas de casa, os chefs de cozinha e a torcida do Flamengo e do Corinthians juntas lançavam no ralo da pia da cozinha o óleo usado nas frituras. Era automático, um hábito enraizado no subconsciente de quase todo mundo. Fazíamos isto (infelizmente muita gente ainda faz) sem avaliar as conseqüências de nossos atos. Achávamos que era um procedimento normal. O interessante da legislação ambiental é que, em tese, ela nos proíbe de continuar a fazer coisas que sempre fizemos e que poluem.

O óleo de cozinha usado – especialmente o de frituras – jogado no ralo da pia vai grudando nas paredes da tubulação de esgoto, com várias conseqüências. Primeiro porque entope as tubulações; segundo porque em cada casa deveria haver uma caixa de gordura, onde a gordura ficaria sobrenadante e seria retirada periodicamente, e na prática isto acaba não acontecendo.

Além disso, o óleo misturado com o esgoto de nossa casa vai parar nas estações de tratamento de esgoto, que não foram projetadas pelos engenheiros sanitaristas para tratar óleo, somente dejetos humanos. Logo o óleo acaba sendo levado, junto com o efluente tratado, para o corpo hídrico, poluindo os rios e danificando a vida aquática de peixes e plantas.

A próxima cidade – em relação àquela onde o óleo de cozinha foi despejado – a captar água para beber vai encontrar água e óleo misturados, dando um grande trabalho às empresas de saneamento para garantir a produção de água com qualidade para seus clientes.

Se podemos tomar consciência de que não podemos descartar óleo no ralo, também somos capazes de descobrir um aproveitamento para ele. Basta pensar um pouco e logo verificamos que o óleo usado pode ser transformado em sabão e até mesmo em biodiesel. Daí nos perguntamos “por que não pensamos nisto antes?”. Como podíamos continuar poluindo se é possível transformar esse resíduo em algo de valor?

É por este motivo que estão surgindo inúmeras empresas que querem o nosso óleo de cozinha usado. Elas vão ganhar dinheiro com isto, e nós vamos deixar de poluir nossos rios, como fizemos durante muitos anos, sem ter ideia das conseqüências péssimas para o meio ambiente.

A revolução que estamos vivendo é espetacular. Ao proibir o descarte de nossos resíduos ou efluentes no meio ambiente, a legislação exige que paremos para pensar. Com isso, logo seremos capazes de descobrir outros aproveitamos para nossos resíduos. Descartar resíduos na natureza é crime ambiental e, sobretudo, perda de dinheiro. Hoje todo resíduo vale dinheiro – para nós ou para alguém.

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