Governo debate estratégias de prevenção a acidentes com cargas perigosas
Estratégias para o desenvolvimento do Plano Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais de Produtos Químicos Perigosos (P2R2) foram apresentadas no último sábado (28) pelo secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, e por representantes da Defesa Civil do Paraná.
Cheida participa da programação do Seminário P2R2 Emergências Ambientais, iniciado na última sexta-feira (27), em Londrina. Realizado em parceria com o Sindicato dos Transportadores de Cargas do Paraná (Setcepar), o evento tem o objetivo de ampliar o repasse de informações sobre o tema e aprimorar o sistema de preparação e resposta rápida a esse tipo de emergência. No Paraná, o P2R2 faz parte da “Agenda Verde” – um conjunto de ações, programas e projetos voltados ao desenvolvimento sustentável do Estado – lançada em junho e que será desenvolvida durante todo o ano.
O secretário destaca que a preocupação com o risco de contaminação ambiental e humana por produtos químicos perigosos tem incentivado a implementação de novas ações, sempre de forma integrada: “Será uma ação com metas específicas a serem cumpridas até o ano de 2016”.
Além da Secretaria do Meio Ambiente, participam do seminário a Defesa Civil do Paraná, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e o Instituto das Águas do Paraná. O evento ainda reuniu representantes de empresas privadas, sindicatos, federações e associações paranaenses que trabalham com o transporte de cargas perigosas, além da sociedade civil.
O técnico da Secretaria do Meio Ambiente que coordenará o P2R2 do Paraná, Reginaldo de Souza, explica que as discussões devem subsidiar novas políticas públicas para o fortalecimento da gestão de riscos no Estado: “A partir das propostas levantadas durante o seminário, vamos definir ações para prevenir e reduzir esses acidentes e dar respostas rápidas quando eles ocorrerem, além de tratar e recuperar os danos ambientais e humanos causados”. Ao final do evento, foi apresentado um documento com propostas de todos os setores representados.
Segundo o diretor da regional de Londrina do Setcepar, André Aguiar, é preciso alertar toda a comunidade para as emergências envolvendo o transporte de produtos químicos. “Muitas vezes as pessoas acabam se contaminando simplesmente por se aproximarem, por curiosidade, de um acidente com produto químico. O nosso alerta começa na informação e conscientização da população”.
Outro tema em debate é a forma de se fazer o transporte das cargas consideradas perigosas. O chefe da 7ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Eddy Machado Junior, conta que são muitas as multas por irregularidades com o transporte de produtos químicos: “Em uma semana de fiscalização realizada recentemente na região Norte, aplicamos mais de 1.700 multas, todas por transporte irregular de produtos químicos”.
ETAPAS – O P2R2 do Paraná receberá inicialmente cerca de R$ 8 milhões em investimentos como parte do Projeto de Fortalecimento da Gestão de Riscos e Desastres, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em parceria com o Banco Mundial.
Entre as metas previstas pelo projeto estão a compra de veículos, equipamentos de hidrologia, radares, estações hidrometeorológicas, computadores, e ferramentas de cartografia e de sistema de informações.
De forma geral, os investimentos visam aprimorar a capacidade operacional de prevenção e resposta rápida aos acidentes e modernizar a base física de instalações e equipamentos.
A primeira etapa do P2R2 do Paraná será a estruturação do projeto, composta por seminários regionais, que vão percorrer o Paraná em busca de problemas e soluções locais. A meta é debater o tema com todos os envolvidos no transporte de cargas perigosas, como caminhoneiros, policiais rodoviários, sindicatos, federações e associações. A previsão é que até abril de 2014 o documento do projeto esteja concluído, compilando as informações levantadas durante os seminários.
“Desde o início, as ações serão desenvolvidas de forma sistêmica, em uma rede articulada de comprometimento coletivo, com ampla participação do governo, sociedade civil, empresas e academia”, destaca o coordenador de Planejamento e Projetos da Secretaria do Meio Ambiente, José Rubel.
As demais etapas do projeto são o diagnóstico e inventário, estudos e projetos, treinamento e capacitação e equipamentos e infraestrutura.
AMEAÇA – São considerados produtos químicos perigosos explosivos, gases e líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, oxidantes, tóxicos, infectantes, radioativos e corrosivos. Nos acidentes predominam os líquidos e gases inflamáveis.
Alguns acidentes, como explosões e incêndios, quando atingem grandes áreas, provocam impactos de longa duração. Entre os prejuízos ambientais, estão: contaminação de mananciais de água, incêndios florestais e morte de peixes. “O nosso objetivo é garantir uma gestão ambientalmente sustentável de todo o ciclo de vida dos produtos químicos, envolvendo a produção, o transporte, a utilização e a disposição final dos resíduos”, destaca Cheida.
HISTÓRICO – Os recursos naturais do Paraná foram prejudicados por vários acidentes ambientais nos últimos anos. Entre os maiores estão o vazamento, em 2000, de 4 milhões de litros de óleo na refinaria da Petrobrás em Araucária, atingindo o Rio Iguaçu, e o rompimento, na Serra do Mar, em 2001, do poliduto Olapa, que interliga a refinaria da Petrobrás, em Araucária, ao litoral e que causou o vazamento de 145 mil litros de óleo diesel, contaminando quatro rios.
Outro trágico acidente ambiental foi a explosão do navio chileno Vicuña, em 2004, no Porto de Paranaguá. O vazamento de óleo nas baías de Paranaguá e Antonina chegou a 170 quilômetros de costa e seis unidades de conservação (Parque Nacional do Superagui, Estação Ecológica de Guaraqueçaba, Parque Estadual da Ilha do Mel, Estação Ecológica da Ilha do Mel, Ilha da Cotinga).
Mais recentemente, em 2011, um acidente rodoviário na BR-277 provocou o derramamento de óleo lubrificante no Rio Cascavel, causando a interrupção do fornecimento de água para 180 mil pessoas, o que comprometendo também o funcionamento de hospitais, postos de saúde, escolas e creches.
Fonte: Agência Estadual de Notícias
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