Miss Batatinha

Bonitinha, mas ordinária, cheia de veneno. Priorizemos os produtos orgânicos

por Fernando de Barros

Quando vamos ao supermercado fazer nossas compras semanais, especialmente quando nos deparamos com a seção de verduras e legumes, começarmos a escolher os produtos e, por uma programação que já está em nosso DNA, desejamos aqueles que tenham a melhor aparência, sem manchas ou machucados, rechaçando aqueles mesmo com pequenos defeitos.

No caso das batatas, revolvemos a pilha até encontrarmos aquelas “bonitas”, cheias de vida. Buscamos sempre as candidatas a “Miss Batatinha” e ficamos felizes quando as encontramos.

Em nossa programação mental não está ainda registrado que as candidatas a “Miss Batatinha” tiveram que passar por um tratamento especial para chegar no supermercado naquelas condições especialíssimas. Para chegar àquele ponto, de nos cativar, provavelmente receberam umas dez aplicações de agrotóxicos.

Levamos as formosas batatinhas para casa, servimos a mesa e todos comem contentes, certos de que a dona de casa fez o melhor para sua família.

Infelizmente, as candidatas a “Miss Batatinha” estão impregnadas com veneno, muito além do necessário para combater as eventuais pragas, pois o agricultor não pode decepcionar os donos e gerentes de supermercados que, por seu lado, estão defendendo o que acham melhor para seus clientes.

Aquelas outras que nunca poderiam se candidatar a “Miss Batatinha”, com uma manchinha aqui, outra ali, são relegadas a segundo plano, descartadas pelas donas de casa, ciosas de seu dever de suprir bem a família.

Estas são na verdade aquelas que, para serem produzidas, não receberam muito veneno. Foram produzidas de forma mais natural; porém, seu aspecto nos causa repulsa. Até quando vamos agir desta forma equivocada?

Que esta reflexão sirva para que todos nós priorizemos os produtos orgânicos, ou aqueles com o mínimo de veneno, pois, uma vez absorvido pelo produto, ele entra em nosso organismo e provoca conseqüências terríveis – muitas nós ainda nem sabemos.

Talvez daqui a uns vinte anos, quando a ciência conseguir detectar com mais precisão os danos que os venenos causam no organismo humano, nossos filhos e netos vão olhar para trás e imaginar que nossas avós, na verdade, não pensavam em nossa saúde, tamanha será a quantidade de gente com doenças graves causadas pelo uso errado de herbicidas. E pensar que, hoje, buscamos a “Miss Batatinha” com orgulho.

Este texto foi inspirado em uma palestra do médico e ambientalista Luiz Eduardo Cheida, a quem homenageio. Boa semana a todos!

Saiba mais sobre a consultoria da Master Ambiental, clique aqui. 

 

Comentários