Obras de Ligação da Ponte Rio Niterói com a Linha Vermelha foram licenciadas com a consultoria da Master Ambiental
Em parceira com a empresa Arquivos da Terra, especializada em gestão de Recursos Culturais, o projeto evitará interferências em Bens Patrimoniais
O acesso entre a Ponte Rio-Niterói e a Linha Vermelha, no Bairro do Caju, Rio de Janeiro – RJ, atualmente é conhecido pelo tráfego complicado, onde se acumulam filas de veículos.
Para melhorar o trânsito e qualidade de vida dos motoristas, a Ecoponte construirá uma alça de ligação direta entre a Ponte e a Linha Vermelha.
A Master Ambiental prestou diversos serviços: apoio para o licenciamento e autorizações das obras que incluem a alça e o Mergulhão, em Niterói, a ligação da Avenida Brasil com a Avenida Portuária pela SMAC – Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, além da regularização da concessão da Ponte junto ao IBAMA.
A consultoria começou desde a fase de Licença Prévia, na época a concessionária era a CCR Ponte. O escopo incluiu o componente arqueológico sob responsabilidade da empresa Arquivos da Terra, dedicada a projetos de gestão e valorização do Patrimônio Cultural Histórico e Arqueológico.
A obra, que mudou de trajeto, não atingirá áreas sensíveis tanto em relação ao componente do Patrimônio Cultural, Histórico e Arqueológico, como o Ambiental.
Inicialmente, o traçado passaria pelo Cemitério São Francisco Xavier, o Cemitério do Caju, com a linha férrea, o que exigiria a remoção de diversos túmulos. Em 2013, o Estudo de Diagnóstico do Patrimônio Cultural Histórico e Arqueológico, na fase da Licença Prévia, permitiu rever custos e benefícios de intervir em áreas histórica e arqueologicamente potenciais, em tempo para que uma readequação do traçado evitasse a interferência nesses bens.
Com o início das obras, serão iniciados os estudos de Prospecção Arqueológica Intensiva e Educação Patrimonial da Ligação da Ponte Rio Niterói à Linha Vermelha, conforme recomendações do IPHAN.
A mudança de traçado reduziu também o número de árvores a suprimir e poupou o Córrego Dom Carlos, que seria atingido. Foi autorizada a remoção de 158 árvores ao longo do trajeto, que será compensada com o plantio de 1.730 mudas de árvores nativas no próprio bairro do Caju.
Com a autorização do IPHAN, foi concedida a Licença de Instalação pela SMAC em dezembro do ano passado. A Prefeitura do Rio chegou a criar um grupo de trabalho para discutir as intervenções na Zona Portuária e um comitê exclusivo para tratar da Alça de Ligação com a Linha Vermelha. Agora as obras poderão ser iniciadas.
Confira o vídeo em que o diretor superintendente da Ecoponte Alberto Lodi apresenta o projeto e destaca sua viabilidade socioambiental
Áreas histórica e arqueologicamente potenciais: Cemitério do Caju e Igreja da Santa Casa de Misericórdia
No estudo feito pela historiadora e mestre em arqueologia, Rucirene Miguel, identificou-se que em parte do terreno da Igreja da Santa Casa e do Cemitério do Caju há potencial no subsolo para ocorrência de artefatos arqueológicos do fim do século XIX.
Com as mudanças no projeto, foi possível evitar que as obras da ligação da ponte com a Linha Vermelha interferissem diretamente no cemitério.
Os estudos também citam manuscritos da Biblioteca Nacional de 1839 que remontam a história da instalação do Cemitério do Caju.
O Cemitério inicialmente destinava-se ao sepultamento de indigentes e escravos assolados pelas epidemias. Em sua porção mais antiga há jazigos importados de Portugal. Entre os túmulos destacam-se os do Barão do Rio Branco e do General Mallet, herói da Guerra do Paraguai.
Um dos manuscritos trata-se de um abaixo-assinado por mais de cem moradores da Ponta do Caju e São Cristóvão contrários à instalação do cemitério, porque ameaçaria a balneabilidade e ofenderia Vossa Majestade, Dom João VI, que ali tomava banhos de mar.
Dessa petição, extraiu-se o seguinte trecho.
“(…) hé evidente que o cemitério da Santa Casa de Misericórdia não pode ser estabelecido n’aquelle lugar, Por estar compreendido dentro dos limites da cidade. É impróprio, porque estando próximo á praia e ao mar único caminho por onde possa passar Vossa Majestade Imperial (…). Ora, estabelecer neste lugar um cemitério, é affugentar aos habitantes d’elle, e com o espetáculo da morte, com o triste espetáculo da destruição do gênero, digo, da espécie humana (…)”(PEREIRA, 1839. Manuscrito Biblioteca Nacional).
A praia do Caju era destinada aos banhos medicinais de D. João VI. Daquela época resta a “Casa de Banho de D. João”, onde hoje funciona o Museu da Limpeza Urbana.
Grande parte da área formava terrenos de planície marinha. A bela paisagem natural foi modificada ao longo da ocupação humana na região e extensos aterros foram formados na faixa estuarina desde a época colonial.
Os aterros se intensificaram nas últimas décadas do século XX e o Caju perdeu seu tom bucólico e foi aos poucos adquirindo contexto de um bairro industrial.
Ali foi o principal território do lixo entre a década de 1940 a 1970, conhecido como Aterro Retiro Saudoso. No final da década de 1960, o aterro do Caju já havia ocupado uma área de um milhão de metros quadrados, estendendo-se sobre a Baía de Guanabara. Após sua desativação, houve a ocupação da área por trabalhadores catadores de lixo e formação das comunidades.
A maior obra desde a inauguração da Ponte
A concessionária Ecoponte realizará a maior obra da Ponte desde sua inauguração. O acesso direto da Ponte com a Linha Vermelha sairá da Reta do Cais, na altura do pórtico 3, e seguirá a partir do Arsenal de Guerra do Exército ligando-se à Linha Vermelha na altura do Parque Alegria. O trecho terá 2,5 km em trecho elevado e duas faixas de rolamento.
A Alça também melhorará a saída da Ponte para Avenida Brasil, pois cerca de 20% do fluxo da Ponte em direção ao Rio acessa a Linha Vermelha pela Avenida Brasil, o que corresponde a 15 mil veículos por dia.
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