Quais são os efeitos da Mudança do Clima no Brasil?
Quais as implicações do aumento da temperatura global? De que maneira esse fenômeno atinge o Brasil?
O aumento de temperatura será entre 1°C e 6°C até 2100, no Brasil, segundo relatório inédito elaborado por cerca de trezentos cientistas do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que segue os moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU).
De maneira mais específica, três desdobramentos se destacam quando se tratam de impactos da mudança do clima no Brasil. A vulnerabilidade social das populações do semiárido do Nordeste tende a se agravar na medida em que há menos disponibilidade hídrica para o abastecimento e agricultura. Por isso, é essencial incentivar novas formas de energia na região, como a solar e a eólica, além de promover a adaptação do agricultor familiar ao contexto dos extremos.
As periferias dos grandes centros urbanos, junto às zonas costeiras, constituem um foco de problema pelo aumento da ocorrência e gravidade de os desastres naturais. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o próprio processo de urbanização já refletiu no aumento de 3ºC da temperatura em um intervalo de cem anos, revela o relatório.
O terceiro ponto de vulnerabilidade relaciona-se à biodiversidade, característica do país e por isso inestimável. O Bioma Amazônico e o Cerrado são avaliados, nesse caso, como os mais suscetíveis aos impactos. Priorizar a proteção e valorização da biodiversidade é cada vez mais importante. Outra consequência indicada pelo estudo é o desequilíbrio ecológico e o extremo de temperaturas, que podem acelerar a incidência na transmissão de doenças como dengue e malária.
O primeiro passo é diminuir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Segundo o estudo, em 2005, o Brasil emitia mais de dois bilhões de toneladas de GEEs, já em 2010, o número caiu para 1,25 bilhões. A redução se justifica pelo combate ao desmatamento na Amazônia.
Em contrapartida, mesmo com a redução, ainda é preciso muito mais. O estudo alerta que, se mantido o mesmo ritmo das emissões atuais e considerando o crescimento populacional e econômico, essas emissões irão certamente alterar os ciclos de chuva, com um prejuízo estimado de R$ 14 bilhões até 2070 nos setores de produção de energia e agricultura, estratégicos ao desenvolvimento do país.
O relatório projeta um cenário de elevação de até 82 cm do nível do mar, o que para o Brasil, com mais de oito mil km de praia, significa vulnerabilidade em 40% de seu território. Como medida de contenção, o governo federal recomenda que construções em áreas urbanas mantenham distância de, no mínimo, 50 metros da praia. Já em regiões desocupadas, esse afastamento deve ser de 200 metros. Em ambos os casos, a recomendação não tem sido seguida pelos municípios.
Nesse panorama de mudanças, já não mais distante, as cidades têm seu papel para apresentar soluções e é de responsabilidade dos prefeitos impulsionar as políticas públicas necessárias. Seja por meio do incentivo à eficiência energética, às tecnologias para proteção da floresta Amazônica, ao reflorestamento e conservação da biodiversidade ou mesmo à mobilidade urbana, todos são caminhões para o Brasil lidar com as mudanças do clima.
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