Ataque poderoso à vida na terra

Nossas próprias ações estão se tornando uma ameaça real à vida na Terra

por Feranando de Barros

Chegamos a um ponto em que as bases de nossa sobrevivência como espécie humana estão ameaçadas, não por algum meteoro como o que outrora dizimou os dinossauros, mas por algo mais próximo e cotidiano: as ações humanas, tão desrespeitosas com os ritmos da natureza e com a dinâmica da Terra.

Com seus 4,5 bilhões de anos, nosso planeta nunca conheceu um ataque tão poderoso como o que ocorre atualmente. A taxa global de extinção de espécies supera o nascimento de novas espécies numa proporção de pelo menos cem por um.

O causador desta devastação é o ser humano, que se transformou numa verdadeira força geofísica destruidora, alterou a atmosfera e o clima da Terra, difundiu milhares de substâncias químicas tóxicas pelo mundo inteiro, represou quase todos os rios e, agora, nos encontramos perto de esgotar a água potável.

Sabemos que é a biodiversidade – especialmente os microorganismos, bactérias, fungos, pequenos invertebrados e insetos – que garante as condições para que a vida humana possa continuar; nós dependemos deles.

Nosso planeta, este superorganismo vivo que se auto-organiza e autorregula para continuar vivo e produzir o que precisamos para viver, está sendo dizimado. Precisamos devolver-lhe o equilíbrio perdido e, para que a vida e a civilização possam ser salvas, importa cuidar deste planeta como cuidamos de nossas mães.

A 22 de abril de 2009, a Assembleia Geral da ONU acolheu por unanimidade a ideia de chamá-la de Mãe Terra. Esta mudança significa uma revolução em nossa forma de encarar o planeta. Uma coisa é dizer Terra, que eventualmente pode ser comprada, vendida e explorada economicamente. Outra coisa é dizer Mãe Terra, porque mãe não se pode vender, comprar nem explorar, mas amar e cuidar e venerar.

Há milhões de anos o nível de oxigênio na atmosfera permanece inalterado, na ordem de 21%; caso subisse para 25%, produzir-se-iam incêndios a ponto de dizimar a capa verde da crosta terrestre. O nível do sal nos mares é de 3,4%; se subisse para 6%, tornaria a vida nos mares impossível (como no Mar Morto) e desequilibraria todo o sistema climático do planeta.

Mais do que uma crise, estamos vivendo algo irreversível. A Terra mudou. Já não é mais possível paralisar as mudanças climáticas, mas apenas reduzir sua velocidade.

Temos que nos adaptar à nova situação e mitigar os efeitos perversos dos processos de produção e consumo de bens. Caso contrário, grande parte da humanidade e dos seres vivos não subsistirá. Esta é uma reflexão que faço a partir do livro “Cuidar da Terra – Proteger a vida”, de Leonardo Boff. Boa semana a todos!

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