Já ouviu falar de fracking ou fraturamento hidráulico?
O método não convencional de extrair gás de xisto foi proibido em municípios do Paraná
O fracking ou fraturamento hidráulico é um método de exploração de gás de xisto não convencional (shale gas) que consiste na perfuração de poços e injeção sob muita pressão de uma bomba de água, areia e mais de 600 componentes químicos, inclusive radioativos, nas camadas profundas de rocha, a mais de 1000 m da superfície.
O gás xisto é liberado com a explosão e extraído por tubulações.
Contudo, a explosão da rocha provoca vazamentos de hidrocarbonetos, como o metano, que se espalham por todo o subsolo contaminando reservatórios de água subterrânea e rios, com sérios riscos à saúde e ao meio ambiente.
Nos Estados Unidos, o fracking passou a ser amplamente utilizado na exploração do gás na década de 90, transformando o Texas em um novo “Eldorado”.
Em uma edição do Programa Cidades e Soluções, o correspondente nos EUA Jorge Pontual acende uma faísca sobre um rio e a água literalmente pega fogo por causa do gás que vem das profundezas. Vídeos facilmente encontrados na Internet denunciam esses efeitos nocivos, como imagens de água que sai das torneiras das casas e pegam fogo.
Em outra edição, o Programa Cidades e Soluções abordou mais uma vez o tema, desta vez mostrando como a Argentina, desde que o governo de Cristina Kirchner ter nacionalizado a petrolífera YPF, tem apostado altos investimentos nos campos de xisto do deserto da Patagônia, na Província Néquen, região conhecida como Vacas Muortas, onde as jazidas foram batizadas de “o sonho do ouro negro argentino”.
O governo argentino não divulga a quantidade de poços de fracking presentes na região, o que é segredo até para o Congresso do país. “Não existe direito à informação pública na Argentina”, argumenta um senador durante o Programa. E o custo ambiental e de saúde para o povo da região está sendo negligenciado, denunciam moradores e ativistas de direitos humanos.
Os hidrocarbonetos contaminaram os lençóis freáticos da região, famosa pela exportação de pera e maçã, e devastaram a agricultura porque a União Europeia rejeita o consumo das frutas da região devido ao risco de contaminação por produtos químicos.
Tido como um processo de produção de energia agressivo para o meio ambiente, o fracking foi proibido em vários países do mundo, como a França, Bulgária, Irlanda, e é questionado em diversos países europeus.
A campanha internacional anti-fracking recebeu apoio do Papa Francisco que escreveu uma encíclica às questões ambientais.
No Brasil, o fracking está caindo como uma bomba na opinião de ambientalistas, devido a riscos de vazamento e contamina a água com hidrocarbonetos.
A Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) já promoveu diversas rodadas de leilões para exploração desse tipo de energia em duzentas áreas diferentes.
No entanto, os investimentos encontram a resistência de organizações não governamentais que formaram a Coalisão Não ao Fracking Brasil. Liminares da Justiça Federal impedem a exploração do gás em onze estados.
A Bacia do Paraná, nos estados do Paraná e São Paulo, devido à formação geológica e processos de milhares de anos, guarda uma das maiores reservas de gás de xisto – além de muito próxima ao Aquífero Guarani.
No oeste do Paraná, há expressiva mobilização contra o fracking. Municípios como Foz do Iguaçu, Toledo, Cascavel e Nova Santa Rosa proibiram a concessão de alvará a empresas que pretendam explorar o gás não convencional por meio do fracking. À semelhança do caso argentino, o principal argumento foi proteger a agricultura, mais importante fonte de riqueza.
Além de ser uma tecnologia que gera graves impactos socioambientais, o fracking é uma fonte não renovável e emissora de gás de efeito-estufa, que chega na contramão da nova proposta de modelo energético que busca diversificar a matriz energética com fontes renováveis e menos impactantes, a energia solar, eólica e de biomassa.
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