Ineficiência no poder público, o que temos a ver com isso?
Há alguns meses, a coluna “Meio Ambiente em Dia” publicou o artigo, “Por que o poder público chega sempre atrasado?”. Esse título, além de chamar a atenção, pode gerar interpretações equivocadas. Por isso, devemos continuar a reflexão sobre esse “atraso” do poder público. Afinal, o Estado é um resultado da constituição histórica da própria sociedade, certo?
Por isso, todo cuidado é pouco. Reclamar do poder público tornou-se verdadeiro senso comum. Aquele que reclama quase sempre quer transmitir uma postura crítica, indignada, inteligente. Contudo, muitas vezes sem fundamentação, a enxurrada de críticas simplesmente não tem serventia. Pelo contrário, pode acabar assumindo efeito negativo, quando generalizações como todo político é ladrão, todo órgão público não funciona, todo servidor não trabalha, viram verdadeiros chavões na boca do povo.
Criticar, de modo infundado, toda e qualquer postura dos setores públicos, desestimula a adoção de melhorias, a credibilidade das instituições, a confiança das pessoas. Seja o comportamento de políticos, o transporte coletivo urbano ou a qualidade do ensino público, quando as reclamações são atiradas para todo lado, acaba por não acertar alvo algum.
Sim, é competência do poder público zelar pelo bem comum e criar políticas públicas sociais, econômicas, culturais, ambientais, esportivas, de saúde, educação, entre tantas outras áreas da vida pública. Mas, também é essencial a participação das empresas e sociedade civil organizada.
Educar os filhos para formar cidadãos, por exemplo, é uma dessas tarefas que cabe a cada família. E, nesse caso, a educação transmitida de geração em geração, que tanto influencia o caráter do sujeito, funciona mais por meio de exemplos que por meros discursos – sem negar, é claro, o poder das palavras.
No caso dos órgãos ambientais, especificamente, fiscalizar as condicionantes para minimizar os impactos dos empreendimentos é um papel imprescindível para se obter melhores condições ambientais. Mesmo com uma legislação avançada em termos mundiais, uma parcela significativa da sociedade brasileira encara os órgãos ambientais como “entraves” para o desenvolvimento. Isso porque a concepção de progresso a todo custo desvaloriza essa função tão estratégica para a qualidade de vida de todos.
Nesse sentido, o objetivo aqui não é calar críticas e sim avançar no debate público, tão salutar e que carece tanto se ampliar em profundidade e pontos de vista. Existem mil e uma razões que justifiquem críticas ao poder público. O que não pode permanecer é essa visão rasa, essa mania do brasileiro de achar que tudo que é público, é necessariamente ruim. Esse tipo de ideia só serve a quem realmente não interessa a melhoria dos serviços públicos. Trata-se de uma inversão de valores. Isso evidencia, ainda mais, a importância do cumprimento das leis e a necessidade de estruturação dos órgãos públicos, em especial, órgãos ambientais.
Por isso, é imprescindível que se pratique um olhar mais atento e aprofundado das suas próprias ações cotidianas antes de lançar reclamações a todo vapor. É preciso que a própria sociedade comece a agir para conquistar o poder público que merece.
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