Entenda o Relatório Ambiental Preliminar do maior frigorífico da América Latina

O estudo elaborado pela Master Ambiental será base para o Licenciamento da nova unidade da FRIMESA em Assis Chateaubriand, oeste do Paraná

noticia-frimesaA cadeia de suínos do oeste do Paraná é a maior produtora do Estado. Aproveitando a vocação da região, o projeto da nova unidade da Frimesa em Assis Chateaubriand  tornará essa produção ainda mais expressiva. Trata-se do projeto do maior frigorífico da América Latina. A Frimesa planeja assim um novo ciclo de crescimento.

“Toda a cadeia produtora da suinocultura, que vai do produtor até o mercado, experimentará um salto de desenvolvimento. Todos os animais serão produzidos pelos cooperados dentro do sistema de certificação”, anunciou a diretoria da Frimesa sobre o projeto na Revista da Frimesa, edição de setembro/outubro de 2015. Serão investidos 2,5 bilhões de reais que aumentará a produção atual de 6.500, em cinco unidades no Paraná, para 21.000 suínos abatidos por dia, aproximadamente 14.500 no novo frigorífico.

Como a Frimesa busca seguir boas práticas e atendimento aos requisitos legais de proteção ambiental, a Master Ambiental elaborou o Relatório Ambiental Preliminar (RAP) para embasar o licenciamento ambiental da nova fábrica junto ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP).  Isso permite que o projeto inicie de forma adequada ambientalmente.

IMPACTOS AMBIENTAIS

Para avaliar o impacto do aumento da produção de suínos para abastecimento do frigorífico, foi estimada a capacidade de suporte para aplicação de dejetos no solo em toda a região

noticia-frimesa3“O empreendimento é enorme e altera características socioeconômicas da região”, avalia o cientista ambiental Caio Dalla Zanna, coordenador do projeto da Master Ambiental.  Como impactos positivos, o RAP identificou novas oportunidades para produtores e demanda por diversificação da produção, fortalecimento de cooperativas agropecuárias e industriais, geração de emprego e renda e valorização da terra.

Contudo, há também um risco. A produção atual de suínos não é suficiente para abastecer toda a demanda futura do novo frigorífico e será necessário um crescimento gradativo das unidades produtores de leitões, unidades terminadoras e fábricas de ração.

Adotando o princípio da precaução, o IAP colocou em questão a disponibilidade de áreas pra dispor dejetos no solo.  Tanto o frigorífico quanto a suinocultura são atividades que causam impactos típicos com odor, ruído, aumento da demanda por solo para aplicação de biofertilizantes e risco de saturação da utilização da terra.

A suinocultura produz grande quantidade de dejetos rica em matéria orgânica, que serve como biofertilizante, desde que tratada adequadamente, além do potencial energético, já que também pode produzir biogás.

“Devido à carga orgânica e o excesso de nutrientes, se os dejetos forem aplicados em uma taxa maior do que o solo e a cultura suportam, pode causar poluição de rios, solo, águas subterrâneas e prejudicar próprio plantio”, explica Dalla Zanna.  Por isso, a aplicação de dejetos no solo deve ser acompanhada por um agrônomo.

Para o estudo desses impactos indiretos, o RAP definiu a Área de Influência Indireta como os municípios com potencial de fornecer suínos para o frigorífico em um raio de 300 km a partir do local do projeto, englobando municípios de Foz do Iguaçu, Medianeira, Cascavel, Toledo, Marechal Candido Rondon, Umuarama, Cianorte, Campo Mourão, entre outros.

noticia-frimesa2Foi feito o mapeamento do percentual de área total já utilizada para aplicação de dejetos de suínos e galináceos na região e comparou-se com a área disponível para a futura utilização conforme a previsão de aumento da demanda por suínos.  Excluiu-se áreas não aptas para aplicação de dejetos, como cobertura florestal, áreas urbanas, rios, Áreas de Preservação Permanentes (APPs), Terras Indígenas, entre outras.

Desse modo, a equipe da Master Ambiental fez o mapeamento de áreas aptas em cada município para aplicação de dejetos de suínos, estimando locais com potencial e outros que já apresentam saturação. Foram utilizados dados do IBGE, IPARDES e EMBRAPA.

Com a necessidade de cerca de uma centena de novas granjas de suínos, a estimativa de produção de dejetos corresponderá a mais de 4 milhões de metros cúbicos por ano, o que demandará aproximadamente uma área de 170 mil hectares para disposição no solo. A área total disponível na Área de Influência Indireta é de aproximadamente 3 milhões de hectares. Portanto, a estimativa demonstrou, de forma geral, a viabilidade de aumentar a produção de suinocultura na região.

“É preciso cuidado com os dados”, alerta Dalla Zanna. A viabilidade para a implantação de suinocultura varia em cada propriedade e deve ser analisada individualmente, pois o licenciamento ambiental é indispensável para a atividade de suinocultura, sujeita a condições específicas estabelecidas pelo órgão ambiental. “O nosso estudo não é conclusivo e sim traz um indicador, uma orientação, permitindo que o órgão ambiental avalie cada caso”, ressalva.

Em Toledo, por exemplo, o mapeamento apontou elevado nível de saturação. Mas isso não significa que não será mais permitido instalar novos empreendimentos de suinocultura no Município. Significa que nesta localidade há pouca área disponível para dispor os dejetos no solo. Consequentemente, fica mais difícil obter licenciamento.

Saiba mais sobre a consultoria da Master Ambiental, clique aqui.

Comentários