A Alemanha e a virada energética
A energia move o mundo. Sem generalizar, o debate sobre sustentabilidade passa necessariamente por novas fontes de energia, menos impactantes ao ambiente. Embora seja fundamental, a discussão ainda não recebe plena atenção dos países. Felizmente, na vanguarda, a força motriz que vem da Alemanha é referência no quesito investimento em energias renováveis.
O atual cenário alemão é composto por investimentos múltiplos em fontes renováveis, que cresceram 23% em apenas dois anos da nova política, apoiada por 80% da população.
Em posição de destaque, a queima da biomassa (como lixo ou madeira) corresponde, atualmente, a 7% de toda energia produzida na Alemanha. Por outro lado, a energia eólica representa quase 8% desse total, enquanto a solar se aproxima dos 5%.
Paralelamente à crise do petróleo e ao acidente na usina de Chernobyl em 1986, um dos conceitos mais disseminados na Alemanha durante a década de 1980 foi a “energiewende” ou “virada energética”. Considerada uma política pública, a virada energética divide opiniões na medida em que altera os alicerces político, econômico e ambiental do país. Mas o conceito recentemente ganhou força após o acidente nuclear em Fukushima, em 2011 e diz respeito ao desligamento gradual das 17 usinas nucleares alemãs para priorizar fontes limpas de energia.
Próxima à Berlim, uma antiga base aérea usada pelos soviéticos durante a Guerra Fria ganhou uma utilidade mais do que nobre: funcionar como usina solar, com atualmente mais de um milhão e meio de placas fotovoltaicas. O porte da usina, considerada a maior da Europa, possibilita o abastecimento de oito milhões de residências, número que tende a crescer. Em julho de 2013, por exemplo, a produção deste tipo de energia foi 42% maior do que o mesmo período de 2012.
Outro diferencial da usina se relaciona ao material utilizado nas placas, que é 51% mais fino do que o convencional feito de silicone cristalino. Além da produção mais econômica, essa tecnologia também permite que a luz solar seja capturada mesmo sem claridade. Contudo, ainda assim a eficácia da placa é um pouco inferior comparado ao método tradicional.
Mas não é necessário ir muito longe da cidade para encontrar iniciativas como essas. Com área equivalente a seis campos de futebol, o maior mercado de Berlim é totalmente coberto por placas solares. O projeto, que é uma parceria público-privada, recebeu investimento de cerca de R$ 6,5 milhões e deve começar a dar lucro dentro de 20 anos.
Em outra perspectiva, a energia eólica é responsável por produzir 32 GW, mais do que o dobro da geração da hidrelétrica de Itaipu. Uma das tendências para aproveitar esse potencial é instalar aero geradores em alto mar.
Contudo, 23% da energia do país, mais rico e populoso da Europa, ainda provêm das usinas atômicas. Apesar disso, o dado é positivo quando comparado à realidade da vizinha França, cuja dependência das usinas nucleares é de 75%. O problema ganha dimensão frente aos perigos enfrentados por quem vive perto das áreas onde estão instaladas as usinas. Nesse caso, a eliminação do lixo nuclear deve ser avaliada com mais cuidado, já que não existem formas confiáveis de armazenar esse resíduo altamente prejudicial à saúde.
A Agência Federal do Meio Ambiente da Alemanha elencou uma série de metas, dentre elas a principal é que 80% da energia do país advenham de fontes renováveis até 2050. Para isso, o investimento necessário são R$ 710 bilhões, o que corresponde a um terço do PIB brasileiro. Apesar das exceções, as evidências presentes indicam que o país tem caminhado, com êxito, em direção a uma realidade mais sustentável.
Com informações do programa Cidades e Soluções exibido em 11/11/2013
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