É hora de virar o jogo

por Fernando de Barros

Formei-me em 1973, portanto há 37 anos, na PUC-RJ, em Engenharia Civil. Na época, os engenheiros ainda eram treinados para “domar a natureza”: abrir estradas, limpar o terreno e erguer as obras – o que importava era o desenvolvimento. Em minha formação, quase nada se comentou sobre os impactos de nossa atividade no meio ambiente. Não se pensava sobre isso naquele tempo. Na vida profissional do engenheiro de obras, as árvores eram – e, para muitos, ainda são – um obstáculo a ser vencido. Em nossos barracões, sempre havia dois ou três machados, que eram utilizados com grande freqüência sem a menor cerimônia ou sentimento de culpa.

Lembro-me de quando vim ao Norte do Paraná pela primeira vez, no final de 2002, e passei por Arapongas. A empresa para a qual eu trabalhara, no Rio de Janeiro, comprava de 3 a 4 caminhões por semana de madeira serrada, tábuas de pinho, madeiramento para telhados de peroba rosa, cedro para esquadrias e canela para batentes de portas, tudo da J. Monteiro, importante empresa de Arapongas – os mais velhos devem se lembrar dela.

Porém, agora a paisagem era dominada pelas lavouras de soja e milho e praticamente não se via mais árvores. Senti-me imediatamente culpado por esta nova paisagem. O desenvolvimento e a construção do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília foram feitos à custa das árvores do Paraná, o que, na época, achávamos perfeitamente normal.

Hoje, felizmente, o mundo mudou. Estamos mais conscientes de que nossas ações do passado causaram impactos inimagináveis sobre o meio ambiente. Toda a sociedade começa a rever suas atitudes e ações, tornando-as mais sustentáveis, isto é, tendo em vista um modelo de desenvolvimento que harmonize os aspectos econômicos e sociais com os ambientais. Trata-se de um caminho sem volta.

Via de regra, estamos entregando um planeta para nossos filhos pior do que recebemos de nossos pais, e é preciso virar este jogo. Nossa sorte é que as novas gerações estão muito mais ligadas na questão ambiental e vão com certeza priorizar as empresas que respeitem o meio ambiente. Isto, as mais recentes pesquisas já demonstram. Logo, precisamos nos adaptar aos novos tempos para garantir a continuidade de nossos negócios.

“Hoje, é necessário avaliar o desempenho do agronegócio atrelado também aos resultados sociais e ambientais”, diz Meire Ferreira, superintendente do Instituto para o Agronegócio Responsável (Ares), entidade fundada em setembro de 2007 pelas principais associações do agronegócio no País para promover práticas sustentáveis. É um ótimo conselho a ser seguido. Boa semana e bons negócios a todos!

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