Incentivo da Prefeitura de São Paulo à compostagem doméstica gera adubo e bons frutos

 compostagem domésticaTrês caixas de plásticos acopladas e algumas minhocas provocam mudanças maiores que a transformação dos restos de alimentos em adubo. Além do trabalho de decomposição da matéria orgânica feito pelas minhocas, compostar os próprios resíduos é um ato de educação ambiental, atividade prática e intencional na vida social.

O benefício da compostagem doméstica é imensamente superior ao custo. Reduz o peso do resíduo que vai ser coletado e destinado ao aterro pelo serviço público. Evita geração de chorume, que ao infiltrar-se no solo, contamina os lençóis freáticos. Reduz a liberação de gases tóxicos como metano, liberado em aterros. Dá solução na origem do problema e ainda melhora a qualidade da separação dos demais tipos de resíduos. Não dá trabalho e nem gera mau cheiro. A maior dificuldade é o preconceito das pessoas com o lixo.

Com a proposta de promover o reaproveitamento dos resíduos orgânicos pela prática da compostagem doméstica, o lançamento do projeto Composta São Paulo pela Prefeitura em julho foi o pontapé que faltava para as paulistanas Cintia Fonseca e Thais Dalla Zanna encararem o desafio. O programa angariou, na fase inicial, duas mil famílias para participar da ação e tem outras 10 mil interessadas em um cadastro.

“Achei a ideia interessante e resolvi me inscrever”, conta a professora Cintia Fonseca, que começou a participar do programa pela escola das filhas e gostou da possibilidade de receber instruções para iniciar a compostagem. Segundo ela, a quantidade de resíduos descartados por semana que antes ocupava dois sacos de 100 litros, caiu pela metade. Os resíduos que alimentam as minhocas da Cintia são principalmente cascas de frutas e legumes, além da borra de café. “É prazeroso compostar. A gente pega uma certa intimidade com o lixo”, avalia.

“Se dependesse só de mim, acho que ainda não teria comprado a composteira. O programa facilitou isso”, comenta a nutricionista Thais Dalla Zanna, que foi por meio de uma publicação nas redes sociais visualizou a oportunidade de concretizar o interesse que já possuía por reciclagem de alimentos orgânicos, como adubo para horta. “Sempre gostei de plantas, adubo e reciclagem. Separo resíduos há dez anos, por isso quando vejo quem não separa, fico aflita”, reflete.

Ao lidar com seu resíduo orgânico de cada dia, surge um novo olhar para o “lixo”, muitas vezes invisível. Muda a relação do gerador com o próprio resíduo e leva a reflexão sobre a cultura do consumo excessivo e do desperdício. A redução da geração deveria ser prioridade em busca da sustentabilidade.

“As pessoas não fazem ideia do que consomem e desperdiçam. Todo mundo deveria ter uma composteira em casa”, opina Thais, que não se alimenta de carne e produz cerca de quatro litros de orgânicos ao dia. Ela conta que passou a dar mais atenção à sua geração de resíduos orgânicos, procurando aproveitar mais os alimentos.

A composteira possui duas caixas digestoras para compostagem e uma caixa coletora para armazenar o líquido resultante do processo, um ótimo biofertilizante. A torneira nesta caixa serve para coletar o líquido e, diluindo em água, utilizar nas plantas. Cerca de 300 minhocas californianas vermelhas vêm com o kit, além de um pacote de serragem, adesivos, manual impresso, um ancinho de jardinagem e suporte técnico para dúvidas.

Além de perceberem mudanças na sua relação com o lixo depois de aderir a compostagem caseira, Cintia e Thais contam alguns detalhes que observaram na prática sobre a compostagem.

“Aprendi que o limão não deve ir para composteira pela acidez, enquanto o guardanapo, às vezes pode”, exemplifica Thaís. As minhocas são sensíveis a alguns tipos de alimentos, como os muito ácidos, salgados ou processados industrialmente.

Já Cintia percebeu que a necessidade de equilíbrio nos fatores umidade e temperatura, ou entre os restos de alimento úmidos e a matéria seca, são essenciais para a compostagem. “Ao encher a segunda caixa, percebi a presença de larvas, porque estava muito úmido”, associa. “É importante ter um local adequado para depositar o adubo originado na compostagem”, complementa Cintia, que mora em uma casa com jardim

Mas não é preciso uma área extensa de quintal para abrigar a composteira. Thaís mora em um apartamento e garante não ter problemas com espaço. “Para mim, não é transtorno algum fazer a compostagem, que não toma tempo e não gera odor”, complementa.

O Composta São Paulo prevê uma série de encontros direcionados à orientação sobre a importância e o funcionamento da comportagem, incluindo outros temas relacionados, como o plantio de hortas caseiras.

E quem pensa que só adultos podem participar dos cuidados, está enganado. As filhas de Cintia, de três e cinco anos, têm algo a dizer a respeito da caixa com minhocas lá do quintal. “Para Helena, as caixas servem para alimentar as minhocas, enquanto Bia acredita que elas fazem adubo para as plantas”, ouve Cintia ao perguntar às crianças afinal para que serve a composteira. Meninas sabidas.

Além de inspiração, o programa da Prefeitura de São Paulo é um exemplo de gestão de resíduos municipal, que se atenta às questões ambientais pelo viés da educação e serve de exemplo a todos os municípios, uma vez que significa compartilhar a responsabilidade entre o poder público e a sociedade, que deve garantir a sustentabilidade para as gerações futuras dando conta do lixo que ela mesma produz.

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Acesse o link www.compostasaopaulo.eco.br e conheça mais sobre o programa.
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