Em 40 anos, populações de animais foram reduzidas à metade

Em 40 anos, populações de animais foram reduzidas à metadeDivulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) no mês em que se comemora o Dia dos Animais (26 de setembro), o Relatório Planeta Vivo 2014 revelou que as populações de animais mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes foram reduzidas à metade, entre 1970 e 2010. A média foi encontrada pela avaliação de 10 mil populações de mais de três mil classes.

Conforme o superintendente de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Jean-François Timmers, o estudo desses animais é uma maneira de diagnosticar a saúde dos ecossistemas do planeta.

Os resultados indicam que, em todo o mundo, as espécies terrestres diminuíram 39%, redução originada, sobretudo, pela perda de habitat decorrente de atividades como agricultura e caça. As espécies de água doce, por sua vez, tiveram queda de 76% e as marinhas, 39%.

Segundo o estudo, a maior queda foi de 83%, número registrado na América Latina. Timmers esclarece que, embora em regiões como a África, a questão da caça seja determinante, na América Latina a redução dos animais aponta o desmatamento, a destruição de ecossistemas aquáticos e a pesca no litoral como principais causas.

Outro dado importante da pesquisa é a Pegada Ecológica, instrumento de mensuração da demanda da humanidade por recursos naturais. “É um índice que vai agregando o consumo de carbono, de água e de algumas commodities [produtos básicos com cotação internacional]. É uma estimativa comparativa, relacionada ao consumo de bens naturais e emissão de carbono”, explica Timmers.

Uma Terra e meia

Um dos resultados mais relevantes do documento evidencia que a demanda global é maior do que a capacidade de reposição do planeta. Assim, seria necessária uma Terra e meia para atender as atuais necessidades. “Estamos gastando 50% a mais do que a natureza é capaz de repor por ano, e a tendência é crescer, porque a classe média, principalmente na Ásia, vai crescer muito, e as demandas vão aumentando”, salienta o superintendente.

Ainda assim, a WWF ressalta ações, já disponíveis, para reverter a perda de biodiversidade. “Existem pacotes de medidas para agricultura de baixo carbono, uma série de alternativas tecnológicas para geração de energia limpa”, exemplifica Timmers.

Em relação à América Latina, ele reforça que as recentes catástrofes ambientais e crises, como a de água na região da Cantareira, em São Paulo, contribuem para chamar a atenção para o tema ambiental. “Existe um nível de consciência crescente na região como um todo, dos governantes em geral, das autoridades acadêmicas e da população com relação a questões ambientais. Isso torna a agenda ambiental algo importante”, completa.

Nova metodologia

A partir dos índices alarmantes, a WWF fará análise mais específica de dados, principalmente, os da América Latina. Com isso, espera-se descobrir, com precisão, as reais causas do aumento crescente da degradação ambiental na América Latina, expondo a temática para discussão em âmbitos nacional e regional.

Essa edição, que é a décima, apresentou uma nova metodologia. O superintendente explica que aumentou a relevância de alguns grupos de animais, como peixes e anfíbios, para mostrar a importância dos ecossistemas marinhos e de água doce. Segundo ele, tal aspecto estava sendo subavaliado nas medições anteriores.

O Relatório Planeta Vivo é divulgado a cada dois anos pela WWF a fim de demonstrar as mudanças na biodiversidade, nos ecossistemas e na demanda por recursos naturais. Na edição de 2014, utilizou-se do banco de dados da Sociedade Zoológica de Londres, fundação científica sem fins lucrativos, com projetos de conservação em mais de 50 países. Já os dados do índice de Pegada Ecológica são da Global Footprint Network, parceira da WWF que trabalha com o debate dos limites ecológicos.

Fonte: ecodesenvolvimento.org

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