Árvores nativas plantadas?

Sim, por que não? O que define árvore nativa é o bioma onde está inserida, não a mão do homem

Fernando de Barros

Muitas vezes, como na recente polêmica envolvendo o Bosque Central de Londrina, ouvimos profissionais e mesmo autoridades fazendo afirmações sobre se uma determinada árvore é nativa ou não, com total desconhecimento sobre o assunto, chamando, por exemplo, árvore nativa de exótica. Nestes casos, mais confundem do que esclarecem.

Árvores nativas são aquelas que pertencem ao bioma de uma determinada região, isto é, são espécies cujos ancestrais viviam naquele bioma, acostumadas com sua temperatura, umidade e a velocidade do vento daquela região. São árvores que vivem em harmonia com os pássaros, borboletas e pequenos animais daquela região. As árvores alimentam os animais, estes fazem a sua polinização, bem como espalham suas sementes, e desta forma formam as florestas. Árvores nativas são aquelas que estão integradas à biodiversidade local.

As árvores exóticas são aquelas que não pertencem ao bioma de uma dada região, isto é, foram trazidas de outra região do país ou do planeta para aquele local. São árvores que, por não pertencerem àquele bioma, não estão integradas com a fauna local. Não fornecem alimentos para os pequenos animais, não estão integradas com a biodiversidade local.

Logo uma árvore é nativa independente se foi plantada pelo homem ou se nasceu por meio de outras formas de dispersão das sementes. A forma autocórica é a disseminação das sementes por explosão espontânea do fruto, liberando as sementes. Na forma anemocórica, a semente segue pelo vento, neste caso geralmente as sementes são “aladas”. A zoocórica é a forma de dispersão através de pequenos animais ou pássaros que, ao comer um fruto, depois defecam em outro local.

A importância de se preservar as árvores nativas está ligada à recomposição da biodiversidade de um determinado bioma, e seu eventual corte fica sempre sujeito à autorização do órgão ambiental competente.

Deve-se justificar a razão do corte, a necessidade, para só então o órgão competente autorizar o corte, não antes de checar se a espécie em questão consta da lista das ameaçadas de extinção ou raras. Como tanto nas cidades quanto no campo as árvores nativas foram erradicadas de forma drástica pela ação do homem no passado, quando não tínhamos a real noção de sua importância para o meio ambiente, se faz necessário plantar o máximo de árvores nativas com o propósito de se recompor, dentro do possível, o bioma local. Também devemos restringir ao máximo o corte delas e, quando autorizado, deve haver uma compensação ambiental do plantio de pelo menos 20 árvores para cada nativa suprimida, na proximidade daquele local.

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