Produção e preservação
Ao contrário da Europa e dos EUA, temos a chance de crescer com respeito ao meio ambiente
por Fernando de Barros
O crescimento da população e o desenvolvimento econômico – em especial durante o Século XX nos Estados Unidos e na Europa – ocorreram sem nenhuma preocupação com a preservação ambiental, até porque ainda não se tinha ideia dos graves impactos ambientais decorrentes desta ação humana. Os recursos florestais foram exauridos ao máximo, além da grande poluição gerada pela atividade industrial – o que contava era o desenvolvimento econômico a qualquer custo.
Hoje vemos as consequências desta ação sobre o meio ambiente: um quadro quase irrecuperável, inclusive contribuindo para a ocorrência de grandes eventos climáticos que acabam por atingir todo o planeta.
O Brasil teve seu desenvolvimento atrasado em relação às potências mundiais. Começa a crescer agora – e os especialistas afirmam que dentro de 25 anos será um país com renda per capita similar às das grandes nações do hemisfério norte.
O descompasso do desenvolvimento em relação aos demais países faz com que o Brasil detenha, ainda, um patrimônio natural extraordinário. São florestas intocadas, um clima temperado sem eventos climáticos extremos, 12% de toda a água doce do planeta, uma enorme biodiversidade que, com certeza, vão proporcionar às gerações futuras o uso de fármacos que poderão servir a toda a humanidade.
Ao contrário dos americanos e europeus, que destruíram suas florestas, temos a oportunidade de nos desenvolver economicamente dentro de um verdadeiro crescimento sustentável, com respeito ao meio ambiente. Nosso solo, a água farta e o clima nos dão as condições necessárias para nos tornarmos o maior produtor mundial de alimentos.
Para alguns, porém, o meio ambiente parece ser um entrave a esse objetivo. Por isso, querem alterar o Código Florestal, criado por decreto em 1934, tornado lei federal em 1965 e modificado, para melhor, no governo Fernando Henrique.
Nossa legislação ambiental precisa, sim, de adequações, mas esse tema precisa ser resolvido por consenso entre a área ambiental e a produtiva. Já avançamos bastante nesse sentido, inclusive com a proposta de remuneração dos produtores pelos serviços ambientais que eles prestam à sociedade, como a proteção da água de nascentes e córregos.
No entanto, eliminar a necessidade de reserva legal ou diminuir o tamanho de mata ciliar não parece ser a melhor solução. E é disso – os pontos polêmicos que tramitam no Congresso Nacional – que trataremos semana que vem. Até lá!