Estupro na Amazônia

Enquanto outros países investem em energia verde, recorremos a soluções do Século XX

por Fernando de Barros

Estamos prestes a presenciar o estupro que está sendo efetivado no coração da Floresta Amazônica, no Rio Xingu, com a construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte. O mundo inteiro nos olha estupefatos pela insanidade de construirmos uma usina hidroelétrica no coração da Floresta Amazônica.

Precisamos de energia elétrica? Claro que sim. Mas continuamos com a velha solução do Século XX, de represar nossos rios, destruir áreas enormes de florestas e de biodiversidade que demoraram milhões de anos para se constituir.

Impactamos ambientalmente uma enorme área para produzir eletricidade que nos trará, sim, mais conforto em nossas casas e mais energia para nossas indústrias e comércio, mas que poderia ser feito de várias outras formas inteligentes.

O mundo mudou e o Brasil está ficando para trás. Enquanto países emergentes como Índia e China se destacam no mundo globalizado como produtores de painéis solares e grandes centrais eólicas, tanto para eles como para comercializá-las no mundo inteiro, inclusive nos Estados Unidos, ficamos com a velha solução de desmatar, inundar, destruir nossa biodiversidade.

Por que não avançamos para as energias verdes? Nosso país tem sol o ano inteiro, nossas costas em inúmeros locais tem ventos a velocidades acima de 7m/s e nós timidamente fazermos um leilão de energia eólica aqui, outro dali um ano, avançando a passo de tartaruga.

Belo Monte já derrubou a ministra Marina Silva, que não concordava com sua construção, dois presidentes do IBAMA que se recusavam a assinar a Licença Ambiental e, agora, sofre uma tempestade de ações na Justiça.

Até inventaram uma nova licença ambiental. Antes da Licença Prévia, surgiu a Licença Ambiental de Canteiro de Obras, uma forma de iniciar o desmate e a obra, sem ter a licença ambiental legal e o cumprimento de todas as exigências listadas pelo IBAMA.

Ninguém afirma com certeza qual será o custo da obra. Aliás, é muito comum no Brasil uma obra custar pelo menos o dobro do orçamento original. Mas, no fundo, isso ainda é o de menos. E o custo das florestas derrubadas? E o custo da perda de enorme biodiversidade? Quanto isto custa? Creio que ninguém sabe valorar o que a natureza demorou milhões de anos para constituir.

O questionamento é maior ainda pelo fato de que a usina terá seu funcionamento condicionado ao regime do Rio Xingu. O capital privado não acredita na usina, então quem vai construir e operar a usina são capitais majoritariamente estatais. O estupro está à nossa frente e não fazemos nada. Por que será?

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