Vendavais: não dá para dizer que não sabia
Após os prejuízos ocorridos na cidade de Londrina, no norte do Paraná, com o último vendaval, fica novamente a impressão de que a culpada é a natureza. Será? Como no caso das enchentes que sempre provocam desastres nas encostas do sudeste durante o verão, os vendavais na região norte paranaense na época da primavera poderiam ser previstos – já que as mudanças do clima aumentam cada vez mais a frequência de eventos extremos. E mais, os vendavais deveriam ser objeto de uma abordagem preventiva principalmente por parte do poder público para adaptar as estruturas a fim de que não pereçam ao vento.
Isso fica evidente na pesquisa de iniciação científica “Análise de Impactos Ambientais Urbanos: Estudo de Caso dos vendavais no Município de Londrina, no período de 1967 a 2012”, do projeto de pesquisa “Avaliação dos desastres climáticos na região metropolitana de Londrina”, do Campus Londrina da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), realizada por então estudantes de engenharia ambiental Marcela Arfelli Silva e Mônica Hirata, com orientação do Professor Dr. Marcelo Eduardo Freres Stipp.
Conforme explica o relatório de conclusão da pesquisa, o Município de Londrina localiza-se sob o Trópico de Capricórnio, onde há fluxo intenso de trocas de temperatura, o que aumenta a velocidade e muda a direção dos ventos, principalmente na primavera e no verão. Na região também se acentua a variação térmica e da pressão atmosférica, provocando uma considerável movimentação do ar e fortes ventos (acima de 80 Km/h).
O estudo analisou o clima urbano a partir da ocorrência de episódios de vendavais registrados em notícias do jornal Folha de Londrina, dentre os quais se destacaram, devido a intensidade dos impactos – inclusive mortes por desabamentos – os vendavais ocorridos em outubro de 1983, fevereiro de 1984, novembro de 1991, outubro de 2004, outubro de 2011.
Em decorrências dos vários episódios, segundo a pesquisa, Londrina é bastante propícia ao número elevado de ocorrência de fortes ventos e prejuízos nas edificações do perímetro urbano – onde não há barreiras naturais para os ventos devido ao desmatamento. “A única solução é o melhoramento e a adaptação da população local a essas ocorrências, pois se tratam de fatores naturais, que não podem ser evitados”, conclui a pesquisa.
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