O verdadeiro vilão dos vendavais
O Município de Londrina, no norte do Paraná, enfrentou ventos de mais de cem quilômetros por hora no último domingo, com sérios danos devido à queda de aproximadamente duzentas árvores, além de galhos sobre carros, telhas, muros e obstruindo as ruas e calçadas.
Quando acontecem problemas como esse, as árvores urbanas logo caem na boca do povo. Mas é preciso considerar que tais problemas são ocasionados por falta de planejamento na arborização, o que significa que árvores erradas estão plantadas no lugar errado.
Vendavais e tornados se intensificam no Brasil. Uma possível causa apontada por pesquisadores tem sido a própria expansão urbana, que forma ilhas de calor nas cidades. As diferenças bruscas de temperatura no ar provocam o movimento dos ventos. Por outro lado, a evapotranspiração das folhas das árvores libera gotículas de água no ar, o que contribui para refrescar a temperatura, do mesmo jeito que aqueles ventiladores com vapor d´água refrescam restaurantes e lojas no verão.
Assim, a arborização urbana tem um forte impacto ambiental positivo com a diminuição das ilhas de calor urbanas. Bairros bem arborizados têm temperatura em média 10 graus menores que outros sem árvores. Além do esfriamento do ar pela evapotranspiração, a parte de cima das folhas absorve o UV antes que se transforme em infravermelho ao tocar o concreto da cidade. E o asfalto sob a sombra de uma árvore é em média 15 graus menos quente.
Ou seja, as árvores não causam vendavais e sim trabalham para evitar suas causas. Além disso, com suas estruturas, rígidas perto do chão e gradativamente mais flexíveis até a ponta dos galhos, as árvores bloqueiam, absorvem e diminuem a força do vento, direcionando a energia mecanicamente para o solo por meio das raízes.
Portanto, não é a existência de árvores que causa tanta destruição nos vendavais, mas a falta delas que potencializam fenômenos de ventos fortes nos áreas urbanas. Como fazer então para evitar destruição como ocorreu em Londrina no último vendaval. Plantando a árvore certa no local certo.
Raízes mais fortes
A principal razão da queda de árvores urbanas é o tamanho reduzido de suas raízes – que precisam “respirar” para crescer e se manterem vivas, retirando o oxigênio existente no solo e liberando CO2.
A água da chuva que penetra no solo carrega o dióxido de carbono e areja o solo, permitindo que as raízes continuem crescendo metros abaixo. Mas, a cidade é excessivamente impermeabilizada. Com concreto das calçadas e asfalto das ruas, a água da chuva não penetra no solo e as raízes das árvores ficam sem “respirar”. Ou quebram as calçadas em busca de oxigênio, ou ficam frágeis, pouco extensas e superficiais. Não há ancoragem suficiente para suportarem o peso dos troncos, galhos, flores e frutos, ainda mais quando venta forte.
Além disso, árvores isoladas sofrem mais com vendavais, assim como árvores na borda das matas também sofrem esse impacto do vento. A existência de mais árvores faz com que a absorção ocorra de forma gradativa entre os vários indivíduos.
Deixar áreas de infiltração na calçada maiores em torno do tronco e plantar a árvore de porte adequado para o tamanho da calçada, além de utilizar pisos drenantes, permite a passagem da água da chuva para o solo, garantindo a troca gasosa e maior estabilidade para a árvore.
Por sua vez, os municípios devem elaborar diagnósticos e planos de arborização urbana para promover soluções inteligentes para as cidades pararem de destruir seu patrimônio verde como forma de “evitar acidentes” em caso de vendavais.
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