Os rios sustentam a vida

Embora sejam indispensáveis, os maltratamos, no campo e na cidade

Fernando de Barros

Os rios sustentam a vida humana, eis a mais pura verdade. São eles que transportam a água, insumo absolutamente indispensável a nós e aos animais. Mesmo assim, os tratamos tão mal. Basta observar que, tanto na área rural quanto na área urbana, os rios estão muito diferentes de como a natureza os criou. Quando os técnicos de empresas produtoras de energia olham para um rio, logo pensam em como podem represá-los para gerar energia elétrica, não importando se terá de alagar grandes áreas de solo fértil, derrubar milhares de árvores ou destruir uma rica biodiversidade – como estão fazendo, por exemplo, com o Rio Tibagi, por conta da Usina de Mauá.

Não se importam, inclusive, com as conseqüências sobre as comunidades, ribeirinhas e as que moram rio abaixo estas sofrerão com os efeitos sobre a qualidade da água que vão consumir. Com a mudança do regime lótico para o regime lêntico, vão surgir algas que dão cheiro e cor à água, como infelizmente já ficou constatado na represa Capivara, em Primeiro de Maio.

Junto às propriedades rurais, o que se observa em geral é a falta de mata ciliar, aquela vegetação que protege nossas águas, filtrando os sedimentos, os agrotóxicos, adubos e fertilizantes, sem falar das nascentes em geral, desprotegidas e muitas vezes drenadas indevidamente.

Na zona urbana, o desastre é incomensurável. Lixo jogado nas ruas é conduzido para as “bocas de lobo assassinas” que, por serem mal concebidas, arrastam para os corpos hídricos, além da água da chuva, grande quantidade de resíduos sólidos, graúdos e miúdos, em descumprimento total da legislação ambiental.

Inúmeras empresas e postos de combustíveis lançam efluentes com produtos perigosos nas galerias pluviais. Por incrível que pareça, ainda é incontável a quantidade de domicílios que lançam, de maneira irresponsável, esgoto clandestino à rede pluvial, além da contaminação por remédios vencidos que são atirados na pia ou na privada.

O mais estranho é que achamos que não há problema, que isto não nos vai afetar, pois as águas deste rio vão logo seguir o seu curso e não vai poluir a água que vamos beber, esquecendo que este rio vai desaguar em outro e que vai abastecer de água a população de nossa cidade vizinha. E logo estaremos bebendo a água que o município “a montante” poluiu.

Depois ficamos impressionados com a quantidade de doenças de veiculação hídrica que temos no Brasil, onde milhares de crianças morrem sem ter a oportunidade de viver a vida que nós, poluidores, vivemos. Estamos precisando dos óculos do século XXI, o da nova economia verde.

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