Resíduos da Construção Civil ou desperdício de matéria prima?

Eis a questão para repensar a gestão das obras, minimizar perdas e maximizar benefícios

Resíduos da Construção CiviProjetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCCs para diferentes condomínios residenciais da construtora Cury em dez municípios no estado de São Paulo (municípios de Taubaté, Taboão da Serra, Atibaia, São José dos Campos, Suzano, Praia Grande, Sorocaba, Mont Mor, Cosmópolis e Capital São Paulo).

A consultoria revelou à construtora Cury importantes números que indicam custos com a perda de material nas obras. Os trabalhos destacaram-se por alertarem para as perdas de matéria prima durante a obra – o que representam custos que diminuem lucratividade dos empreendimentos. Essas informações mostram-se fundamentais não só para a melhoria do controle ambiental como para a tomada de decisões e gestão da construção como um todo.

O PGRCC é obrigatório de acordo com a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) e os geradores de resíduos são responsáveis pela separação na fonte, máximo reaproveitamento e reciclagem e destinação ambientalmente adequada. Já era assim desde 2005 pela Resolução Conama 307. Contudo, em favor do bom gerenciamento de resíduos, é preciso argumentos que vão além da legislação.

“Desperdício de resíduo é desperdício de matéria prima, por isso é importante quantificar o custo dessa perda”, constata o coordenador de projetos Caio Dalla Zanna, cientista ambiental, Mestre em Engenharia de Edificações e Saneamento.

De acordo com Dalla Zanna, em geral são diferentes fatores que provocam perda na construção civil, que podem variar segundo a precisão do projeto e do orçamento, o método construtivo, os materiais utilizados, dentre outros. Cada material comumente já apresenta um padrão. Por exemplo, tijolos e azulejos frequentemente são perdidos devido a cortes e são mais previsíveis. Já outras perdas dependem muito da organização do canteiro de obras, pois quanto mais capacitada a mão de obra, menor o desperdício. “É comum haver perda de cimento porque ficou exposto à chuva”, exemplifica.

Quantitativos mais reais possíveis

Os projetos entregues para a Construtora Cury não foram feitos apenas com a visão de cumprir burocracias (e ficarem no papel). Houve um comprometimento da equipe da Master Ambiental em oferecer soluções e ajudar efetivamente o cliente.

Para estimar a quantidade gerada de cada tipo de resíduo, os PGRCCs desenvolvidos para a construtora Cury contaram com uma metodologia desenvolvida pela equipe da Master Ambiental, que aproveitou a oportunidade para aprimorar ainda mais os métodos de estimativa, em busca de parâmetros mais detalhados e adaptados às reais perdas de matéria prima do cliente.

“Houve um esforço e conseguimos chegar o mais próximo possível da realidade de geração de cada resíduo, especialmente os mais significativos em termos de volume gerado e de periculosidade para o meio ambiente”, afirma Vitor Alvares, engenheiro ambiental e analista responsável pela elaboração dos planos. “No final, o custo com os resíduos é surpreendentemente alto e atinge a margem de lucro da empresa”, garante.

Para realizar esse diagnóstico, além de conhecimento e experiência acumulado pela equipe na realização de outros diversos trabalhos, há disponível na literatura parâmetros quantitativos percentuais médios da geração de resíduos típicos da construção.

Quanto aos padrões de geração de resíduos, a equipe dá crédito à especial contribuição da pesquisa de dissertação realizada por Caio Dalla Zanna no programa de mestrado em engenharia da Universidade Estadual de Londrina.

Contudo, ressalva Dalla Zanna, a geração de resíduos varia em cada obra e em cada construtora. É importante que a construtora monitore a gestão de resíduos para efetivamente conhecer o que e como está sendo descartado. Assim, é possível tomar medidas corretivas e de melhoria. “Muitas vezes, o desperdício de materiais pode até superar – e muito – a quantidade prevista. Somente o monitoramento constante pode demonstrar quanto efetivamente foi perdido e quanto isso custou”, recomenda.

A equipe também estuda a empresa, a legislação, visita o local e faz pesquisas em campo, consulta o orçamento da obra e as características do projeto de implantação. Para estimar os quantitativos, utiliza um software de orçamentação de construção que já considera índices de desperdício baseados em tabelas de custo por metro quadrado.

Para o engenheiro ambiental Vitor Alvares, os resíduos da argamassa e concreto são gerados em quantidade muito expressiva, representando de 15% a 25% do volume total de resíduos.

A argamassa, Classe A (Resolução Conama 307/2005), tem um alto nível de desperdício por conta das técnicas de aplicação, manual, e da necessidade de uso imediato. A perda chega a 30% do volume de argamassa. “Com o tempo seca e não pode mais ser utilizada na edificação”, analisa Vitor, apesar de que poderia servir para outros fins, como correção do terreno ou base para contrapiso.

Apesar do elevado índice, ele ressalva que a argamassa industrializada utilizada pela Construtora Cury gera menos resíduo do que a argamassa (mistura de areia e cimento) feita na obra.

Outras situações corriqueiras são citadas por ele como geradoras de resíduos Classe A – típicos de construção, como o concreto que cai da carriola ou o cimento que cai no chão ao chapiscar um muro. Já a movimentação de terra, também Classe A, depende das condições do terreno, provocando risco de erosão e assoreamento e exigindo controles para evitar espalhamento de poeira.

O gesso, também por causa de suas características de aplicação manual e secagem rápida, é outro material de grande perda. Antes classificado como Classe C, rejeito, o gesso passou a ser reciclável, Classe B, com a alteração da Resolução Conama 431/2011.

Segregação na fonte

Mesmo com menor volume, os resíduos Classe D são relevantes por conta de sua periculosidade, como latas de tinta, rolos, pincéis e papelão ondulado contaminado. Esses significam um prejuízo financeiro quando não há a correta segregação na fonte. “Misturados, contaminam resíduos que poderiam estar limpos, que passam a ser perigosos e implicar em custo mais alto para destinação”, lembra. Os resíduos perigosos devem ser encaminhados ou segundo a logística reversa ou para aterros industriais licenciados para disposição Classe I – perigosos. “De uma forma geral, resíduos misturados em caçambas sem segregação na fonte implicam em impacto ambiental e prejuízo financeiro”, acredita Alvares.

Ele aponta que o maior desafio de elaborar onze projetos, em dez diferentes cidades, foi encontrar a destinação adequada em cada localidade, pois em muitos municípios não há opções licenciadas para destinação ambientalmente adequada. “Muitos municípios ainda não possuem o cadastro de caçambeiros, por exemplo, que é medida para controle e segurança do gerenciamento de resíduos da construção civil”, conclui

 

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