Vai faltar água e a culpa é da natureza?
Mais uma vez a culpa da falta de planejamento e gestão ambiental é transferida para a natureza. É o que afirmam os gestores públicos pelo atual racionamento no abastecimento de água pelo Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da Grande São Paulo, a beira de um colapso.
As condições climáticas fizeram os reservatórios de Jaguari e Jacareí atingir, pela primeira vez na história, nível abaixo dos 10% de sua capacidade. Em virtude dos volumes insuficientes nas represas, a Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) instituíram o Grupo Técnico de Assessoramento para gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira), cuja finalidade é proporcionar uma administração diferenciada do armazenamento do Sistema.
Também fazem parte do GTAG: representantes da Sabesp, do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitê PCJ) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT). Os Ministérios Públicos Estadual e Federal estão investigando se os governos federais e estaduais estão tomando medidas desproporcionais para evitar o racionamento, continuam tirando mais água do sistema, além do limite que prevê a outorga.
Enquanto o Ministério Público aponta o racionamento como medida necessária e até benéfica do ponto de vista da educação ambiental, para que a população aprenda a utilizar a água com parcimônia, os gestores públicos colocam a culpa na natureza. Não reconhecem é que de fato o problema vem à tona pela falta de chuvas momentânea.
Esse contexto se justifica, substancialmente, por um conjunto de condições ambientais desfavoráveis, como contaminação e impermeabilização excessiva do solo, falta de planejamento urbano, ocupações irregulares, falta de saneamento básico, inoperância do poder público, ausência de fiscalização, falta de consciência da população, lixo por todo o canto. Além disso, as desigualdades econômicas e sociais tornam as populações de baixa renda mais desfavorecidas, com graves consequências para a saúde e qualidade de vida da população. Enquanto não houver um reconhecimento da necessidade de lidar com todas essas questões de maneira séria e comprometida, convocando a participação efetiva de toda a sociedade, a conservação da água continuará única de São Pedro.
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